Opinião: Ligeiramente Casados (Mary Balogh)

Ligeiramente Casados by Mary Balogh
Editora: ASA (2013)
Formato: Capa mole | 336 páginas
Géneros: Romance histórico
Sinopse.

"Ligeiramente Casados" é o primeiro volume da Bedwyn Saga, uma das séries mais populares de Mary Balogh.

Apesar de já ter ouvido falar desta autora, de ter tido, inclusivamente o primeiro volume desta série em inglês, nas mãos, nunca me senti tentada a ler qualquer obra de Mary Balogh. Não consigo precisar porquê. Poderá ter sido porque uma vez li um livro dela e não o consegui terminar. Mas isso, como qualquer leitor assíduo sabe, pode dever-se a inúmeros fatores como um "reading slump", estar com pouca disposição para um determinado género, entre muitos outros.

Mas enfim, fui adiando e adiando, mas vendo a popularidade crescente da autora em terras lusas, comecei a interrogar-me se o problema não seria meu... talvez uma espécie de preconceito? E acabei por adquirir alguns volumes já publicados em português.

E desta vez consegui acabar, foi uma leitura que me custou pouco e um livro que li depressa. Mas, apesar de tratar de um casamento de conveniência, algo que me agrada neste tipo de livros, não posso dizer que adorei a história. E, provavelmente, um dos problemas foi mesmo o facto de o ter lido em português. Não que a tradução estivesse horrível (algumas gralhas, mas nada de especial), mas a verdade é que, tendo lido tantos livros do género em inglês, já sei como se processa a história, como se formulam as cenas e parece-me sempre que se perde algo em português. Mas pronto.

Eve Morris é filha de um mineiro galês que enriqueceu casando com a filha do dono da mina. Por isso, apesar das pretensões do pai e da sua educação de dama gentil, Eve tem consciência de que não pode aspirar a misturar-se com as mais altas esferas da elite... e não aspira. Aspira apenas a viver em Ringwood Manor, a sua casa, com os que lhe são queridos. Infelizmente, o destino tem outros planos e quando o irmão morre na guerra contra Napoleão, Eve poderá perder tudo para o seu primo e acabar na rua.

Aidan Bedwyn é um coronel corajoso para quem a honra está primeiro que tudo. Segundo filho de um duque, tem alguma sobranceria e sabe bem qual é o seu lugar na sociedade. Mas quando um dos seus subordinados, às portas da morte, o faz prometer proteger a irmã, Aidan não tem escolha se não fazer tudo para que Eve mantenha a sua propriedade e o seu estilo de vida... mesmo que isso implique casar com ela.

O que mais me agradou em "Ligeiramente Casados", mais do que a história de amor, que apesar de agradável não teve assim muito "fogo", foi a descrição detalhada dos rituais aristocráticos e da corte. Como Eve foi criada num ambiente rural, quando se torna Lady Aidan Bedwyn é forçada a preparar-se para eventos sociais aos quais nunca poderia ter imaginado que iria assistir. Um exemplo é a apresentação à rainha, por que todas as senhoras da alta nobreza têm de passar. Gostei imenso do detalhe sobre o tipo de vestido, as regras sociais e a rigidez dos costumes. Vê-se que a autora pensou e pesquisou bastante nestes aspetos.

As personagens foram... agradáveis. Não exatamente originais, sendo que Eve é demasiado "boazinha" e Aidan, um estereotipo algo vincado do homem "alto, forte e silencioso", mas também são suficientemente carismáticas para não serem completamente aborrecidas.

O enredo, como já mencionei anteriormente, não foge muito ao que é normal e esperado em livros que tratam de casamentos de conveniência: Eve e Aidan casam-se e pensam separar-se, mas diversos acontecimentos forçam-nos a estar juntos e a desenvolver o conhecimento mútuo e a intimidade.

No geral, um romance histórico escrito de forma interessante que mantém o leitor interessado. As personagens e o enredo não se distinguem particularmente, mas o detalhe e a atenção dedicados à sociedade inglesa do século XIX merecem uma menção, assim como a escrita fluída e cativante. Recomendado para os amantes do género.

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