Opinião: A Demanda do Visionário (Robin Hobb)

A Demanda do Visionário by Robin Hobb
Editora: Saída de Emergência (2010)
Formato: Capa mole | 476 páginas
Géneros: Fantasia
Descrição: "O verdadeiro rei dos Seis Ducados desapareceu numa missão misteriosa em busca dos Antigos para salvar o reino da ameaça dos Navios Vermelhos. O seu irmão usurpador está determinado a impor uma tirania cruel e não abrirá mão do poder, a não ser com a própria morte.
Fitz sabe que a única forma de por fim ao reinado do príncipe usurpador é iniciar uma demanda em direção ao reino das Montanhas onde irá descobrir a verdade sobre as profecias do Bobo. Mas a sua missão enfrenta um novo perigo com a magia do Talento a precipitar a sua alma para a beira do abismo.
Conseguirá resistir à magia e ainda enfrentar os obstáculos que surgem à sua demanda?"
Aviso: SPOILERS
E acabou. A espetacular e épica saga de Fitz, o bastardo de Cavalaria e o assassino do Rei terminou. E terminou em grande (de certa forma), mas também de forma desapontante (nalguns aspetos).

Vamos dividir isto por partes.

O que gostei
1. A Demanda: sendo uma continuação direta do livro anterior, A Vingança do Assassino, este último volume continua a focar-se na longa viagem de Fitz, Panela e seus companheiros para terras há muito não exploradas. Aí, encontram maravilhas da magia e do mito.

Esta parte agradou-me. Ok, as intrigas ficaram nos livros anteriores e este, tal como já tinham ficado no volume anterior, tem mais a estrutura de um livro fantástico tradicional, com uma viagem de um grupo de guerreiros e pessoas corajosas que andam em busca de algo, mas gostei de obter finalmente respostas para tantas das perguntas que se levantaram durante a leitura: Quem são os Antigos? Porque é que os Navios Vermelhos atacaram os Seis Ducados? E qual é a relação disto com a Manha.

A autora presenteou-nos com terras de encantar, com postes mágicos, estradas mágicas, tudo mágico e tão estranho que quase atirei o livro à parede de frustração pelo facto de os nossos heróis não ficarem ali, a explorar, a tentar saber mais sobre o declínio daqueles povos que aparentemente viviam de magia.

2. As personagens: sempre as personagens. A amizade entre o Bobo e Fitz foi bastante bem explorada neste volume o que me agradou pois embora ambos sejam os protagonistas, não tinha ainda vislumbrado uma verdadeira ligação entre eles. Panela, cujos segredos são bastante óbvios quase desde o início, foi mesmo assim uma personagem interessante. E claro, Kettricken, uma heroína subtil mas que está lá, um apoio corajoso e um verdadeiro Sacrifício.

Já não gostei tanto foi de Veracidade. Pareceu-me apagado neste livro. E Fitz conseguiu ser um bocado burrito. Olhos-de-Noite continua a merecer menção como a personagem mais sábia e fofa dos livros.

3. O Desfecho: foi satisfatório. Não ficaram pontas por atar relativamente a esta história em particular.

4. A Magia: a Manha foi algo muito bem pensado. Assim como o Talento, porque não se trata apenas de controlo mental é algo mais subtil, mais lato, algo de que se podem construir estradas.

O que poderia ter sido melhor
1. Os Vilões: porque ofereceram pouca luta e mesmo com justificações para as suas ações pareceram-me simplistas.

Os Navios Vermelhos, a cultura de vingança dos Ilhéus e a forma como os Forjados são "feitos" foi uma das maiores desilusões que tive na série. A autora dá uma explicação apressada sobre estes elementos, mas os Ilhéus mereciam mais. A magia do forjamento merecia mais.

2. A Magia: se foi uma das coisas de que gostei, também foi uma das coisas que me frustrou. Tanto por explicar! O que é, na realidade, o Talento? Tem de ser mais do que controlo da mente, porque a autora assim o diz, mas não nos explica como.

Quem criou os dragões? Foram os Antigos? Os Deuses? São os dragões os Antigos ou não?

3. O Desfecho: Algo apressado. Passou-se pouco tempo a explorar a origem ou natureza dos dragões. Os vilões foram destruídos de forma demasiado sumária. E Robin Hobb, desenvolva o seu mundo! Eu tenho de saber mais sobre os aspetos descritos acima: sobre as motivações dos Ilhéus, sobre a magia do Talento e da Manha e como tudo isso está relacionado com os Antigos!

No fundo foi este o aspeto que mais me desiludiu na saga. A autora foca-se tanto no enredo específico, na personagens de Fitz e do Bobo que apenas refere os elementos do seu mundo quando se relacionam com eles. E assim fica tanta coisa por explicar.

No geral, fiquei um pouco desiludida em algumas partes mas mesmo assim achei este livro fantástico! Esta é sem dúvida uma saga de leitura compulsiva, com um mundo interessante e personagens com todos os traços dos típicos heróis épicos mas também com os defeitos e as fragilidades humanas. Sem dúvida que lerei mais desta autora.

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