Opinião: O Jogo (Anders de la Motte)

O Jogo by Anders de la Motte
Editora: Bertrand (2014)
Formato: Capa Mole | 328 páginas
Género: Mistério/ Thriller
Descrição (GR): "«Henrik Pettersson, “HP” encontra acidentalmente um telemóvel que o convida a jogar um jogo de realidade alternativa. Passado o teste de admissão, começa a receber uma grande variedade de missões emocionantes, todas elas filmadas e avaliadas secretamente. HP deixa-se imediatamente conquistar por este jogo, mas não tarda a perceber que ele não é tão inocente como a princípio parecia.
A Investigadora da polícia Rebecca Normén é o oposto de HP. É uma mulher em perfeito controlo da sua vida e com uma carreira ambiciosa em ascensão. Tudo seria perfeito não fosse o bilhete escrito à mão que ela encontra no seu cacifo. Seja quem for que as escreve, sabe de mais acerca do seu passado.
Os mundos de HP e Rebecca aproximam-se inevitavelmente um do outro. Mas se a realidade é apenas um jogo, então o que é real?»"
Acabar livros ao fim de semana é um bocado chato para mim porque depois não posso logo escrever sobre eles e acabo por me esquecer de algumas das coisas que queria dizer... especialmente se se tratarem de livros tão pouco memoráveis como este. Passado um dia, aquilo de que mais vivamente me lembro sobre "O Jogo" é que o tradutor aparentemente traduziu "hard drive" por "disco duro".

Iniciei a leitura de "O Jogo" com poucas expetativas... se ainda não disse isto (e duvido), digo-o agora: thrillers não costumam constituir leituras muito boas para mim. Não é um género que aprecie assim muito porque os mistérios são fáceis de adivinhar, a ação resulta geralmente melhor num filme e os heróis acabam sempre com a "boazona" no final (pensem em... Robert Langdon). Mas enfim, estava a precisar de algo diferente da fantasia e da ficção científica para espairecer e este autor é sueco e parece que eles agora são os mestres do thriller, por isso... bem, vocês podem imaginar o que aconteceu (e a capa tem um telemóvel todo estilhaçado, how cool is that?).

Infelizmente não é "O Jogo" que me vai fazer ficar a gostar mais do género. Apesar deste livro não ter sido mau, per se, digamos que também não é propriamente uma obra-prima do thriller e do mistério... e certamente que não está ao nível de Stieg Larsson.

Na verdade, creio que este livro será mais bem recebido por quem nunca viu O Jogo, o que não é o meu caso. Esta leitura foi uma experiência doida de "deja vu", com o nosso protagonista envolvido num jogo patrocinado por pessoas desconhecidas, mas ricas e aparentemente com muito tempo livre. Mas em vez de termos o Michael Douglas e um calhamaço dos anos 90 com uma antena de meio metro, temos um gajo qualquer (que não é rico nem nada assim) com um touchscreen com mensagens e net. :P

O nosso protagonista é HP (sinceramente nem vou tentar encontrar o nome dele na maioria das vezes chamam-no assim de qualquer modo), um homem na casa dos 30 que vive como se tivesse 21: basicamente é um criminoso ocasional com pouca moral e muita necessidade de afirmação. O típico herói deste género de livros (exceto que os outros protagonistas geralmente não são criminosos e são bem sucedidos, mas de resto...).

Bem, o HP encontra um telemóvel num comboio e decide ganhar uns trocos vendendo-o, mas de repente começam a enviar-lhe mensagens e sabem o nome dele e tudo. E querem que ele participe num jogo, e o HP (alguém já está a ter imagens recorrentes de impressoras?) fica todo contente e vai logo fazer o que lhe dizem as mensagens.

Ao mesmo tempo, seguimos a vida de uma pessoa que aparentemente não está relacionada com o enredo, uma guarda-costas chamada Rebecca.

Este foi o primeiro aspeto que me irritou: narrativa de dois pontos de vista. Sinceramente, o ponto de vista da Rebecca tem pouca importância para a história geral, exceto deixar o leitor a pensar qual será a relação dela com HP (esta parte foi bem conseguida, confesso), mas no fim não valeu a pena a fragmentação da narrativa.

Depois temos o próprio HP: irresponsável e quase sociopata no seu desprendimento relativamente às suas ações, poderia ter sido um personagem bastante interessante... nas mãos de um escritor que tivesse realmente desenvolvido a personagem. Mas HP nunca é mais do que um idiota mesquinho que não mede, de todo, as consequências dos seus atos.

Por fim, temos o enredo. Admito que a ideia de um jogo global que pode ser responsável por muitos dos grandes atos criminosos da História tem o seu quê de intrigante, mas não da forma como é visto por HP. Além disso, não conseguia deixar de pensar em Douglas e no filme com o mesmo nome.

No geral, uma leitura rápida, mas não achei que este "O Jogo" fosse especialmente bom. Como sempre, ação e thrillers resultam melhor em filme. Pelo menos para mim. No entanto, quem gosta deste género poderá querer ler o livro, que tem ação e thriller suficientes para interessar. Mas não é nada que mantenha uma atenção constante, algo que costumo procurar num thriller.

Comentários